sábado, 21 de janeiro de 2012

Sobre Capitão Lost e a Vingança de Jane - Parte 1

Boa Tarde Steamers, estou aqui de novo... acho que ano animado demais não eh?
As Postagens estão rendendo, por enquanto, espero que este animo dure bastante.


Bom, falando sobre o conto que estou postando agora, Capitão Lost e a Vingança de Jane.
O conto foi inspirado numa musica brasileira, sim sim, aquela do Chico Buarque, há um lance steam naquela musica que poucos percebem, a ideia do Zepelim, e toda a distopia que aquela realidade da Geni trazia à tona. Então, minha inspiração foi ao êxtase ao ouvir Airship Pirates, do Abney Park, a letra é incrível e todo aquele hino que eles entoam me deram a simples ideia de criar um conto que misturasse os dois elementos, Piratas do Céu, junto a uma jovem sofrida e abusada em uma cidade, bem Dogville. Espero que gostem deste conto, assim como gostei de escrevê-lo.






___Sobre Capitão Lost e a Vingança de Jane ___Parte 1



Dois mundos, duas pessoas. Distintas, mas com o mesmo espírito fugaz. Dependentes das necessidades humanas, detentoras da ambição. Um era um homem, um pirata voador e seu zeppel; a outra, uma mulher, carente e dependente da volúpia, mas carregada de sonhos.

Lost, uma criança deixada de lado, abandonada pelos pais nas ruas apertadas de Downvalley. Jane, uma garota que descobriu o prazer através da violência, ainda que com sete anos de idade em Hoxville. Ambos carregavam rancores, dores, terrores e pesadelos. Ambos maltratados, judiados e apontados pela sociedade.

Jane tornou-se dependente das substâncias corpóreas, do êxtase à adrenalina, seus hormônios fervilhavam ao sentir o cheiro de homens e mulheres, sua face bela e olhos perspicazes fitavam a sociedade que a ignorava. Jane cheirava a sexo, cheirava a luxuria, seus lábios maculados só conheciam o gosto de suor e sangue.

Lost virara um delinqüente, roubando para ter o que comer. Nunca tivera uma chance senão através da violência, sua face castigada e olhos frios apenas conheciam o ódio, sua pele fedia a sangue e graxa. Agora era um pirata e com seu zeppel movido a diesel – substância desprezada graças ao advento da antimágica – ele se movia por entre montanhas e acima de cidades. Perfeito vilão a saquear aldeias e queimá-las em seguida.

Aconteceu que Lost e Jane estavam ligados, pelo destino ou acaso.

Naquela manhã Jane caminhou por entre prédios, seus cabelos ensebados e a pele castigada mendigavam ao padeiro algum pão para o café. O padeiro a olhou com asco, mas arrancou-lhe o manto e, ali mesmo, na padaria, de frente a homens e mulheres, a consumiu. Então a jogou na calçada, junto de dois pães amanhecidos.



Os homens e mulheres riram dela, diziam que faziam mais que o possível.

Pobre Jane, que olhava para o céu esperando algo acontecer.

As crianças a apedrejavam, os velhos a xingavam. Mas todos a usavam, e quando a viam, os homens baixavam os zíperes de suas calças e as mulheres dobravam as mangas com as mãos prontas para violência.

Pobre Jane, que nem casa tinha...

Ela sabia que um dia algo iria acontecer, ainda que apenas suas lagrimas fossem puras.

Não tardou para o zeppel prateado, recheado de ar quente, abandonar as montanhas. Lost e sua tripulação haviam saqueado quatro vilas em apenas dois dias. Logo teriam dinheiro para comer e beber, para mulheres e jogos: era apenas esta a ambição de sua tripulação, e era nisso que o capitão pensava enquanto olhava distraído a paisagem. Já se passaram seis anos desde que roubou este zeppel de um velho homem; aprendeu a usá-lo para trazer desgraça a quem lhe virou as costas. Era sua vingança para com a humanidade, mas não o que faria pelo resto da vida, disso sabia bem... Lost tinha sonhos.

Filhos e um lugar tranqüilo. Ainda que seu coração negasse a amolecer, talvez fosse o que ele mais queria, trazer a alguém o carinho e atenção que o mundo não lhe foi capaz de oferecer. Mas Lost não era capaz de entender a principal necessidade humana: não era luxúria, nem dinheiro ou ódio. Era talvez a felicidade, a vontade de preencher o vazio em seu peito. Inconscientemente ele seguia um propósito puro, talvez a única coisa pura em seu ser.

Então, já acima das campinas, Lost foi avistado por agricultores, seu zeppel da cor da lua refletindo o sol da manhã, o símbolo pirata estampado na lateral com um mau presságio.

Logo telefonemas rodaram a cidade e todos ficaram em polvorosa, preparando suas armas e, do alto dos prédios, armando os canhões. O grande zeppel, tão grande quanto uma nuvem, vinha lentamente para Hoxville.

Jane olhou aquela balburdia já sem forças, de um beco, e por mais que parecesse cruel ela rezou para que aquele tumor urbano perecesse, que as casas fossem saqueadas e destruídas, que as mulheres fossem violadas e os homens castrados. Rezou para que aquela grande lua fora de hora, se movendo lentamente com as escotilhas abertas, fosse Deus e que justiça fosse feita, por ela.

Mas, banhada em lagrimas, ela sabia que Deus, se existisse, abandonou-a.

Ela se recolheu no beco mais escuro, longe da visão de todos, que corriam desesperados enquanto o alarme soava.

Então, Jane ouviu o primeiro tiro de canhão...









Escrito por Douglas S.T. Reverie e Revisado por Heitor V. Serpa

2 comentários:

  1. Divino. Adorei a impureza dos personagens, traz à tona uma face humana para eles. Muito bom mesmo, combinado com a música que ouvi, dá até inspiração pra continuar a minha estória...

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    1. Obrigado Sairaf! fico feliz que está nos acompanhando!!! è sempre bom saber que está agradando que que a dose está indo bem.

      Obrigado.
      Fique antenado que logo teremos novidades!

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