sábado, 28 de janeiro de 2012

Sobre Capitão Lost e a Vingança de Jane - Parte 2

Olá pessoal, aqui estou eu, mais uma vez, postando agora a segunda parte, que corresponde a conclusão deste conto.

Espero que gostem, abraços.






__ Sobre Capitão Lost e a Vingança de Jane __ Parte 2



Lost ordenou para que o zeppel fosse virado a bombordo; tinha o vento a seu favor e os canhões da cidade não o alcançariam. Acima e abaixo do convés, seus homens desviavam a energia da sala de eletricidade e preparavam os reatores, prontos para lançar raios. Os canhões também estavam carregados e logo a máquina de fazer nevoa estaria armada.

Logo veio o primeiro tiro, do alto de uma torre. Aquele era o momento, pensou Lost, o disparo inicial partiu deles. Como sempre, a humanidade que o rejeitou... Então deu a ordem enquanto a bala passava zunindo pelo dirigível.

Algo se soltou do balão, caindo no centro da cidade. Outros tiros vieram, e outros e outros. Nenhum acertava o alvo.

A grande peça que caiu no centro explodiu em uma nuvem sem fim de vapor, erguendo uma bruma forçada. Os piratas ergueram então as vozes em uma canção que soou fantasmagórica pelos alto-falantes do zeppel.

“Nós somos o terror dos céus, não temos nada a temer, como pilotos embriagados saquearemos, mataremos até nada sobrar. Somos mensageiros do desespero”

O trecho musical repetiu-se em uníssono com várias vozes.

Logo toda a cidade estava envolta em uma nevoa espessa, e Jane encolheu-se mais, respirando o prazer do terror. Via-se apenas a sombra gigante do zeppel e seu barulho perturbador de algo sendo engatilhado, junto do cântico que retumbava sem parar. Então raios começaram a cair, com estalos e trovões, casas eram atingidas e pessoas gritavam. Sons de demolição e cheiro de queimado empesteavam cada rua.

Houve correria e desespero, e crianças dispararam para o beco. Jane bateu nelas com um pedaço de madeira, sorrindo em loucura. “MORRAM”, seus pensamentos gritavam em meio as lagrimas, lembrando de todas as pedras que estas mesmas crianças atiraram contra ela.

Raios.

Relâmpagos e trovões atingiam Hoxville. No fundo, Jane acreditava que suas preces foram ouvidas e que Deus existia, de carne e osso.

Lost ordenou então a segunda parte de seu plano, um ataque direto. Ao menos trinta piratas desceram pela corda para um dos prédios, armados e sedentos por luxúria e poder.

Invadiram casas e mataram homens e crianças. Os guardas morreram por sua insensatez e as mulheres foram violadas.

Jane observou aqueles homens rudes passarem pelo beco e a ignorarem, os viu arrastando mulheres e crianças. Vira o terror imposto por eles, os gritos das mulheres sendo violentadas de maneira tão nojenta quanto a imposta pelos seus maridos sob o silêncio das casas de família.

Ela sorriu. E um sem numero de vezes os piratas a viram e a deixaram de lado, procurando as mulheres limpas e cheirosas. Pobre das dondocas... Quando a bruma dissipou-se, o que se ouvia eram apenas o zeppel, sons de morte e gemidos.

A música soava baixa agora.

“Nós somos o terror dos céus, não temos nada a temer, como pilotos embriagados saquearemos, mataremos até nada sobrar. Somos mensageiros do desespero”




Capitão Lost finalmente desceu e os saques começaram. Durante um dia inteiro a cidade foi refém daqueles malfeitores, e quando tudo já havia sido roubado, Lost teve vontade de dar uma ultima olhada por Hoxville. Poderia haver uma ultima coisa de valor ainda não percebida.

Quando o entardecer já era crepúsculo escuro, Lost deparou-se com um beco.

Quatro crianças mortas a pauladas. Sabia que não fora seus homens. Enrolada num manto estava uma mulher suja, viva e com um olhar triste, mas seus olhos castanhos mantinham uma beleza incomparável. Suas mãos embebidas de sangue e a expressão de loucura adentravam como facas a mente do capitão. Ela era como ele...

Jane, sozinha naquele beco, via uma figura prostrar-se diante dela, um homem alto, de inúmeras cicatrizes no rosto, cheirando a diesel e sangue, sua roupa de couro marrom surrada e seus cabelos arrepiados e longos, presos por uns óculos de aviador. Era uma figura estranha, exótica, e olhando para ele, retribuída por uma expressão fria, teve certeza: aquele homem era Deus.

Ele veio caminhando devagar, e Jane não teve medo. Ao contrário dos outros piratas, este não tinha o cheiro azedo de sexo e nem o olhar recheado de maldade, mas sim algo triste, longínquo, repleto de experiências amargas. Ele era aquele ao qual a moça poderia estender suas mãos. E ela o fez.

Aquela mulher a sua frente esticou o braço para fora do manto sujo. Ele não podia negar o pedido, era a primeira vez que alguém se oferecia sem interesse nenhum por detrás. Lost abaixou-se sobre ela, respondeu com a mão e um aperto no peito. Pobre Jane.

Ele a abraçou, ignorando o mau cheiro de suor, e ela recebeu com um prazer sem tamanho aquele cheiro de combustível.

Levantaram-se e caminharam pelas ruas molhadas, repletas de corpos, sangue e entulho. Logo viria a chuva, para lavar toda a podridão de Hoxville. Para os sobreviventes, ver o capitão pirata levar Jane, a única que não sofrera com o ataque, trouxe certo arrependimento. Um arrependimento ruim, mais parecido com um mau pressentimento.

Era hora de reconstruir aquele local, recomeçar os conceitos e virtudes. E todos diziam por dentro, levem-na, faça o que quiser com ela e, mais tarde, as velhas insanas disseram que Jane era um demônio, que havia atraído a desgraça para a cidade em nome da vingança. Anos se passaram, Hoxville de pé outra vez, e o nome de Jane ainda nas bocas da população. Maldita, cujas preces malignas romperam sua paz. Maldita, que corrompeu cada homem, mulher e criança ao lhes incitar a lascívia.

Então, por trás das montanhas, novamente uma nuvem prateada surgia para trazer a tempestade do caos. Da pequena janela, Capitão Lost e sua esposa Jane observavam, mais uma vez, os tiros e a névoa encobrirem a região.

Ela sorriu, acariciando a barriga.

Lost não tinha mais um olhar frio: logo parariam com a vida de piratas. Jane ainda era uma amante fervorosa, mas de um homem só, o seu Deus personificado.

E Hoxville... esta constituiu um alvo fácil e proveitoso por mais cinco vezes; mal reabastecia os cofres e as despensas, e logo era atacada de novo e de novo. A Vingança de Jane, o zeppel pirata mais temido de todos os tempos, vinha com o rastro da morte e do estupro de tantos outros vilarejos e cidades que logo aprendiam a profanar aquela tríade de nomes.

Maldita Jane. Maldito Capitão Lost. Malditas pessoas de Hoxville.


...






Bom pessoal, é isso, ainda esta semana teremos novidades ( se tudo der certo) e Em Breve teremos uma sinopse oficial para o romance que estamos produzindo. Logo saberão mais, até!!!





"See you next fog"

6 comentários:

  1. Nada como um pouco de ação pra se esquecer de uma gripe... Adorei o conto, certamente inspira-me a escrever. Parabéns a vocês três pela série maravilhosa.

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  2. Muito obrigado pela leitura, e ficamos felizes por inspirá-lo! Também temos banners para divulgação bem ali em cima, sinta-se a vontade para usá-los no seu blog. Abraço!

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    1. No dia que eu descobrir como o fazer, pode contar que vai estar lá :s

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    2. hahaha,não tem mistério. Só baixar o banner ali em cima (clica com o direito,salvar imagem como...), depois vai no design/layout do seu blog e adiciona um gadget de imagem. Lá ta tudo melhor explicado.

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  3. Opa, reforçando o que já falei... Muito obrigado Sairaf pelo apoio, fico feliz por tê-lo inspirado, Muito obrigado mesmo, pode deixar que passaremos em seu blog também. Grande Abraço!


    See you next fog!

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