domingo, 20 de março de 2011

Akasla e Eol

Saudações, "Steamnautas" (creio que este nome soa estranho, mas também creio que seria bem apropriado para esta ocasião).

Sou Douglas S.T. Reverie e venho trazer-lhes um texto contendo um pouquinho da história e as bases a serem desenvolvidas. Neste pequeno trecho temos uma apresentação rápida, para não se dizer apenas uma passagem, dos personagens Akasla e Eol.

Inicialmente, quando concebemos os primeiros rascunhos, havíamos então criado três dentre vários personagens chaves. Seriam eles a própria Akasla, um importante membro de uma tribo; um rei caído, este prefiro manter em sigilo; e um general submetido a algo realmente grave. Sejam momentos políticos, religiosos e talvez até mesmo românticos, começamos a desenvolver a base de tudo que está ao redor destes três e muitos outros. Mas ainda assim vale ressaltar o que já foi citado por Heitor V. Serpa no texto de apresentação; “Lembramos que tudo que mostrarmos aqui será de caráter provisório (incluindo o título), passível de mudança a qualquer momento”.

Estamos começando a desenvolver as histórias, devagar e com estudo. Dando nome a pontos e personagens e lapidando pouco a pouco seus acontecimentos, costurando idéias interessantíssimas que nos vem à mente dia após dia. Antes de qualquer coisa, devo agradecer os comentários e o carinho que temos recebido. Os incentivos aqui postados é o que nos trás forças e ânimo para continuar. Muito Obrigado.

Mas vamos agora ao que interessa. Com muito prazer aqui estou, para lhes mostrar o primeiro material. Um pequeno trecho da historia que escrevi especialmente para este blog.

Boa Leitura, meus caros.



(...)“O sol desaparecia na linha do horizonte, com linhas coloridas e pitorescas, e Akasla olhava com estranheza aquele ponto de fuga no oceano, aquela imensa esfera escarlate que lentamente misturava-se com as águas gélidas do sul, como se estas fossem apagá-lo. Roxos e azuis iam gradativamente transformando-se em um laranja forte que caía para o rubro.

Os olhos esmeraldas como as copas das árvores, por baixo de pálpebras finas e de semblante tristonho, observavam á piscadelas lentas aquele mundo cercado de água. Incomodava-se com o som das caldeiras do navio e o cheiro de queimado que subia pelas chaminés. Mas ainda assim, o convés era o lugar mais aconchegante daquela máquina que rasgava o oceano. Aquela seria uma noite fria, e na próxima chegariam a Lucréa, local de que tanto ouvira falar pelos colonos em sua Tribo. Seu coração inquietava-se, pois em seu âmago ela sabia, sabia que tudo o que os espíritos lhe sussurravam era uma verdade indômita sobre os povos do além-mar. Sussurravam-lhe que aquele era um povo vazio, perdido em maravilhas que certamente não lhes cabiam nas mãos e muito menos tinham o direito de tê-las.

Akasla puxou os cabelos brancos, lisos e trançados para trás da orelha, delicadamente apoiou-se no parapeito do convés e aspirou aquela leve e fria maresia. A brisa fazia seu longo manto feito de couro animal balançar e bater contra o aço do chão, seus pés descalços alisavam um ao outro, buscando aquecerem-se. Não queria estar ali, não queria ser a apaziguadora de um evento desesperador tão próximo de acontecer.
Atrás dela, homens com suas peles brancas observavam a beleza exótica da jovem de orelhas levemente pontiagudas, a malícia estampada em seus olhos azuis.

Um dos selvagens saiu para o convés, carregando uma mochila de couro totalmente artesanal, com grandes ornamentos pendurados. Amuletos pendiam em seu pescoço, e no punho uma pulseira prateada, polida com maestria. Seus olhos verdes, profundos por baixo dos cabelos soltos ao vento e a pele castigada por inúmeras cicatrizes, morena como a de Akasla, faziam dele uma figura mítica, típica das lendas antigas de Lucréa.

Ele caminhou na direção da Matriarca, arrastando seu manto escuro, trançado com um material que lembrava uma fina corda felpuda. Passou pelos homens no convés, enviando-lhes um olhar frio e aterrador de desdém e desafio antes de prostrar-se ao lado dela.

- Coma algo – disse ele com respeito na língua antiga falada de Akyan. Tinha a cabeça levemente abaixada, sem lhe dirigir um olhar direto – Há dois ciclos que não come nada, Mãe.

Akasla o fitou e o abraçou num impulso, com o coração palpitante. Dentro de sua tribo, Eol seria severamente castigado por se deixar tocar pela Matriarca, mas ali estavam longe das florestas e ele a abraçou de volta, como no tempo em que eram crianças abaixo das copas densas da selva.

- Tenho medo, Eol, - disse ela e suas mãos tremiam ao segurar o manto do outro - deste povo de costumes tão estranhos ao nosso. Tenho medo de sua ganância e ignorância quanto ao nosso respeito e a nossa terra, com suas máquinas gigantes e fumacentas. Se nos rendermos, nossas terras serão como a deles. Você vê árvores nestas figuras que representam suas cidades? E onde irão parar nossos espíritos, os elementos da terra?

Eol apenas gemeu de forma vaga olhando o sol se por. Sabia que, ao chegar às terras destes homens que se autodenominavam civilizados, enfrentariam algo muito maior que uma simples reunião. Ficou em silencio, olhando a jovem Akasla. Sua mente o indagava se a mesma estava pronta para assumir um cargo tão importante em seu povo. Ser Matriarca significava carregar a responsabilidade de toda uma tribo.

O sol sumiu rápido, deixando ver no céu escuro uma única estrela, a mais brilhante, Cendí Luatã, segundo a cultura Akyan. Mas nem ela o inspirava mais, pois tempos difíceis são sussurrados pelo vento.

Devagar ele acompanhou a jovem para dentro, para longe do frio a amparou na porta. Ela fitou uma última vez, por cima dos ombros, o horizonte atrás de si.

Em algum lugar daquela linha seu futuro a aguardava.”(...)

5 comentários:

  1. O conto ficou muito bom. Embora não mostre muito do Steampunk, da uma dica do choque de culturas que poderá existir no cenário.
    Por algum motivo eu vejo Askala como uma garota de uns 12 anos, não sei bem o porque.

    Sei que não esta postando para ser corrigido nem nada do tipo, mas acho que a repetição de "oceano" no primeiro paragrafo não fez uma sonoridade muito legal para a passagem.

    De qualquer forma, conto muito bom, esperarei por mais ^^

    Fiquei a duvida se ela é uma elfa ou meio-elfa. Ou alguma coisa parecida.

    ResponderExcluir
  2. Fala Ryu, muito obrigado pelo comentário! Corrigimos a repetição que você apontou... Tem coisas que acabam fugindo da revisão, mesmo com três pessoas em cima de um texto *sigh*

    Então, quanto a ela ser elfa, meio-elfa ou alguma coisa parecida, estamos trabalhando com a terceira opção. Não sei se posso falar mais, então me limito a dizer que mostraremos detalhes em breve. Quanto a aparência infantil dela, eu na verdade a visualizei perto dos 17 anos... Mas como a personagem foi criada pelo Douglas, só ele mesmo pra responder com o tempo.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  3. Legal...a vida dela parece que vai ser bem conturbada, lembrei da carta do chefe Seattle.

    e gostei muito deste trecho "Ela fitou uma última vez, por cima dos ombros, o horizonte atrás de si.

    Em algum lugar daquela linha seu futuro a aguardava.”(...)" Isso me lembrou de mim...

    ResponderExcluir
  4. olá!
    bom, como vai Ryuuzaki?
    Então, creio que ela tenha uma aparência de uma jovem por volta de seus 17 anos mesmo, como Heitor comentou. E sim, eles seriam algo parecido com elfos mesmo.

    Olá Rita!
    Obrigado por seu comentario, fico feliz que de alguma maneira o texto tenha lhe tocado.

    Até mais e obrigado pelos comentários!

    ResponderExcluir
  5. Já eu a visualizei mais perto dos 25 o.O Graças ao ar maduro e temeroso dado à personagem nesse trecho hehehe...

    Enfim, nossa muito bom o texto, escrita impecável *-*
    Muito interessante a forma como são descritos os sentimentos e anseios das personagens juntos e ligados às descrições físicas (do ambiente ou mesmo das próprias personagens), coisa que eu mesmo sempre tento fazer nos meus textos hehehe...

    Enfim, muito bom, aguardando ansiosamente por mais material! =D

    ResponderExcluir