quarta-feira, 23 de março de 2011

Harold Spencer, o homem que nunca chegou ao front (Parte 1 / 2)

Bem, esta é minha estréia como contista no Steamage. O que trago é o início do que deve ser uma série de contos envolvendo o personagem em questão, e a partir daí pretendo extrair textos sobre o cenário (conforme explicitado na apresentação), pelo menos um para cada história. 

Boa leitura!



Harold Spencer, o homem que nunca chegou ao front

Parte I



Aiden era uma aldeia na região de Alesja – ou Aliesch nos tempos em que ainda era um país, antes de se juntar a outros cinco para formar a União Federativa. Longe dos maiores centros urbanos, numa região de bosques pouco tocados pelo homem, podia ser considerado um lugar de paz. Um canal escavado no rio que dava o nome ao vilarejo era o suficiente para abastecer o mesmo, de arquitetura simples e complementada por pontes e rodas d’água.  Estas últimas, mais a fumaça vertendo das casas em estilo colonial, bastavam como tecnologia. Não era de se espantar que um lugar assim guardasse um asilo; a Casa de Repouso de Aiden, assentada no coração da floresta, constituía um dos maiores destaques de Alesja, sendo inclusive pioneira no tratamento de diversos males do corpo e da mente. Ao contrário da reputação não muito boa desse tipo de lugar, os ex-pacientes afirmavam o asilo como uma nascente de absoluta tranqüilidade, sem receber nenhum tipo de maltrato como choques térmicos, camisas de força e overdoses de morte em vida. Os motivos de ser tão eficiente sem as teorias da medicina atual, embora parecessem óbvios, continuavam um mistério incapaz de ser reproduzido fora dali. Sua sobrevivência vinha de doações, tantas que parte do investimento era aplicado na própria aldeia.


Pois bem, naquela manhã uma diligência vinda da capital rumava para a Casa de Repouso. O fluxo de pacientes e familiares dos mesmos fazia desta visão algo comum, fato sabiamente aproveitado pelos seus passageiros. Não que fossem mal intencionados, mas chamar atenção com um veículo oficial tornava-se desnecessário para a ocasião. Lentamente, o conjunto de telhados triangulares e o cheiro de pão recém saído do forno dava lugar ao frescor do orvalho, acompanhado pelo sacolejar de uma estrada de pedras. Estranha paz os invadia, como se o ar fornecesse a terapia contra qualquer tipo de mal; preocupações, estas ficavam junto dos prédios empesteados pelo calor das caldeiras, impossíveis de se conceber no seio da terra. Acabaram se esquecendo do que estavam para fazer, mas só por um momento, pois o parar da carruagem servira como despertador da realidade. Tão logo o cocheiro abriu a porta, três homens pediram licença antes de descer. Um deles, na casa dos quarenta, observava a gigantesca figura do asilo com certa admiração. Era rechonchudo, mais forte do que gordo, a primeira vista lembrando alguém que há muito se afastou dos exercícios, provavelmente um militar. O mancar da perna direita, pouco disfarçado por uma bengala de madeira envernizada e com punho de prata, tornava as coisas mais claras. Aquele era o ministro da defesa de Alesja, coisa que a voz de um dos companheiros fez questão de lembrar:


–Senhor ministro? – fora arrancado de seu devaneio por Wesley Styx, o de aparência mais velha e importante dentre os três, o que lhe provocou um suspiro de chateação. O outro, no entanto, sorria com os dentes amarelados pelo tabaco, daquela maneira ambígua que todo político parece treinado para fazer desde o nascimento – desculpe interromper... Esta é mesmo uma bela vista, não é?


–Sim... – e ele retribuiu com outro sorriso, surpreendentemente verdadeiro. Os olhos se perdiam numa espécie de nostalgia – lembra que eu contei ter quase enlouquecido com a dor depois do acidente? Então, fui tratado nesta casa... Posso dizer que minha perna praticamente cresceu de novo.


–Isso lhe faz acreditar e milagres, de certo – o tom de ironia fechou a cara do ex-paciente. O terceiro sujeito, com a pele morena das estepes de Elea, permaneceu calado de forma soturna. Alto, musculoso, ficava entre o engraçado e o aterrador naquela casaca militar apertada e repleta de adornos – não me entenda mal, Faber. Eu também passaria a acreditar.


–Não faça menções a Lei Feérica aqui, secretário sênior. Este lugar salvou minha vida.


Wesley ia falar alguma coisa, mas um gesto de “vamos” do moreno acalmou os ânimos por enquanto. Uma mulher já os aguardava de prontidão nos portões, procurando não se abalar diante dos figurões. Outro detalhe curioso era a ausência de grades que separassem o asilo da floresta, bem como janelões rentes ao chão e sem nenhum tipo de barreira. Que espécie de lugar trataria loucos assim? E a recepcionista, jovem, loira e de feições esbeltas, também se vestia de maneira estranha: uma batina branca e de contornos dourados, longe do uniforme tradicional, ainda com um capuz pendendo para trás! De repente, o aviso de não falar na lei que proibia qualquer culto religioso além da Uma Federativa passou a fazer sentido.


Antes de entrarem, o mais forte dentre os três pareceu se tremeu num calafrio. Pareceu ter visto algo que não lhe agradava nem um pouco.






Como Faber havia agendado a visita duas semanas atrás, o contato com a mocinha foi breve:


–O senhor Spencer deve estar descansando nesse momento. Incomodaria se esperassem até eu acordá-lo e trocar suas roupas? Temos um chá de limão genuíno de Lucréa, se for do agrado dos-


–Não podemos esperar nenhum segundo, madame – o fardado se manifestou pela primeira vez, impondo temor com o tom grave de sua fala, análoga ao rugido de um leão. Na verdade, era ele quem se sentia perturbado com alguma coisa – temos de vê-lo imediatamente.


–Faça o que quiser Asher, mas eu não dispensarei um bom chá lucreano por nada no mundo – sem alterar a voz, Wesley Styx impôs sua patente de forma ainda mais constrangedora. As medalhas na casaca bastavam para encerrar o assunto – bem, onde podemos nos sentar?


Depois de guiá-los até o refeitório, a enfermeira intimidada pelas figuras de poder se retirou. Servidos por outra moça, desfrutaram daquele chá com biscoitos e mel da maneira típica da Federação. Contudo, por mais que tivesse se rendido a uma xícara de limão e conversas levianas, Asher se mostrava apreensivo:


–Secretário sênior, é bom que entenda dos riscos que corremos ao perdermos tempo aqui. Precisamos do paciente vivo, e o senhor sabe disso.


–Ora, deixe disso... Não é como se ele fosse morrer enquanto conversamos. Francamente Asher, mesmo alguém como eu consegue discernir os momentos onde se deve relaxar – sem largar os dedos da alcinha de porcelana, Styx quase deixou a xícara cair com a próxima atitude do fardado: ignorando completamente os conceitos de hierarquia, este se debruçou na mesa até praticamente engoli-lo com o seu tamanho.


 –O senhor quer falar de discernimento comigo, secretário? Que tal lembrar que eu caminho entre o mundo dos vivos e o dos mortos? – profundamente ofendido, o outro iria replicar, não fosse o olhar de Asher por cima de seus ombros. Por algum motivo, aquilo lhe assustou... Faber apenas ouvia tudo, atônito – Bem atrás do senhor, um espírito nos vigia da porta, e muitos outros vagam pelos corredores. Este pode parecer um lugar de paz, mas um olho treinado enxerga mais do que o vento nos galhos.


–Sim... – tentando em vão disfarçar o medo que lhe afligia, Wesley deixou a bebida sobre o prato. Assim, o tremor dos dedos se tornava menos evidente – mas exatamente em que isso nos prejudicaria?  Sou cético, como mandam os bons costumes da sociedade, mas tenho mente aberta o suficiente para compreender que os mortos não possuirão motivos para interferir no que é material caso nós não os demos.


–Bem, digamos que o mesmo não vale para quem está perto de falecer – desta vez era o moreno quem se portava como autoridade máxima no assunto; mais do que compreender as questões metafísicas, ele as vivenciava – os imateriais dependem de energia, a qual se encontra em abundância nos planos onde vagam. Mas, a essência de uma alma prestes a largar a carne libera uma carga absurda, que funciona como um vórtice para esses seres.


–Agora eu que não entendo! – o ministro, de longe o mais pasmo diante de tais devaneios, resolveu questionar – eu imaginava que vocês translocantes não estivessem mortos!


–Não... Como disse antes, estamos entre os dois mundos. Para criar o que chamamos de conexo mental é necessário que a essência esteja intacta, e neste lugar quem está perto da morte é literalmente devorado em espírito. Francamente, não me importo em como as enfermeiras (ou devo chamá-las de sacerdotisas?) lidam com isso, mas precisamos tirar Harold Spencer daqui o mais rápido possível.


“De acordo”, os outros responderam praticamente juntos. 
 

domingo, 20 de março de 2011

Akasla e Eol

Saudações, "Steamnautas" (creio que este nome soa estranho, mas também creio que seria bem apropriado para esta ocasião).

Sou Douglas S.T. Reverie e venho trazer-lhes um texto contendo um pouquinho da história e as bases a serem desenvolvidas. Neste pequeno trecho temos uma apresentação rápida, para não se dizer apenas uma passagem, dos personagens Akasla e Eol.

Inicialmente, quando concebemos os primeiros rascunhos, havíamos então criado três dentre vários personagens chaves. Seriam eles a própria Akasla, um importante membro de uma tribo; um rei caído, este prefiro manter em sigilo; e um general submetido a algo realmente grave. Sejam momentos políticos, religiosos e talvez até mesmo românticos, começamos a desenvolver a base de tudo que está ao redor destes três e muitos outros. Mas ainda assim vale ressaltar o que já foi citado por Heitor V. Serpa no texto de apresentação; “Lembramos que tudo que mostrarmos aqui será de caráter provisório (incluindo o título), passível de mudança a qualquer momento”.

Estamos começando a desenvolver as histórias, devagar e com estudo. Dando nome a pontos e personagens e lapidando pouco a pouco seus acontecimentos, costurando idéias interessantíssimas que nos vem à mente dia após dia. Antes de qualquer coisa, devo agradecer os comentários e o carinho que temos recebido. Os incentivos aqui postados é o que nos trás forças e ânimo para continuar. Muito Obrigado.

Mas vamos agora ao que interessa. Com muito prazer aqui estou, para lhes mostrar o primeiro material. Um pequeno trecho da historia que escrevi especialmente para este blog.

Boa Leitura, meus caros.



(...)“O sol desaparecia na linha do horizonte, com linhas coloridas e pitorescas, e Akasla olhava com estranheza aquele ponto de fuga no oceano, aquela imensa esfera escarlate que lentamente misturava-se com as águas gélidas do sul, como se estas fossem apagá-lo. Roxos e azuis iam gradativamente transformando-se em um laranja forte que caía para o rubro.

Os olhos esmeraldas como as copas das árvores, por baixo de pálpebras finas e de semblante tristonho, observavam á piscadelas lentas aquele mundo cercado de água. Incomodava-se com o som das caldeiras do navio e o cheiro de queimado que subia pelas chaminés. Mas ainda assim, o convés era o lugar mais aconchegante daquela máquina que rasgava o oceano. Aquela seria uma noite fria, e na próxima chegariam a Lucréa, local de que tanto ouvira falar pelos colonos em sua Tribo. Seu coração inquietava-se, pois em seu âmago ela sabia, sabia que tudo o que os espíritos lhe sussurravam era uma verdade indômita sobre os povos do além-mar. Sussurravam-lhe que aquele era um povo vazio, perdido em maravilhas que certamente não lhes cabiam nas mãos e muito menos tinham o direito de tê-las.

Akasla puxou os cabelos brancos, lisos e trançados para trás da orelha, delicadamente apoiou-se no parapeito do convés e aspirou aquela leve e fria maresia. A brisa fazia seu longo manto feito de couro animal balançar e bater contra o aço do chão, seus pés descalços alisavam um ao outro, buscando aquecerem-se. Não queria estar ali, não queria ser a apaziguadora de um evento desesperador tão próximo de acontecer.
Atrás dela, homens com suas peles brancas observavam a beleza exótica da jovem de orelhas levemente pontiagudas, a malícia estampada em seus olhos azuis.

Um dos selvagens saiu para o convés, carregando uma mochila de couro totalmente artesanal, com grandes ornamentos pendurados. Amuletos pendiam em seu pescoço, e no punho uma pulseira prateada, polida com maestria. Seus olhos verdes, profundos por baixo dos cabelos soltos ao vento e a pele castigada por inúmeras cicatrizes, morena como a de Akasla, faziam dele uma figura mítica, típica das lendas antigas de Lucréa.

Ele caminhou na direção da Matriarca, arrastando seu manto escuro, trançado com um material que lembrava uma fina corda felpuda. Passou pelos homens no convés, enviando-lhes um olhar frio e aterrador de desdém e desafio antes de prostrar-se ao lado dela.

- Coma algo – disse ele com respeito na língua antiga falada de Akyan. Tinha a cabeça levemente abaixada, sem lhe dirigir um olhar direto – Há dois ciclos que não come nada, Mãe.

Akasla o fitou e o abraçou num impulso, com o coração palpitante. Dentro de sua tribo, Eol seria severamente castigado por se deixar tocar pela Matriarca, mas ali estavam longe das florestas e ele a abraçou de volta, como no tempo em que eram crianças abaixo das copas densas da selva.

- Tenho medo, Eol, - disse ela e suas mãos tremiam ao segurar o manto do outro - deste povo de costumes tão estranhos ao nosso. Tenho medo de sua ganância e ignorância quanto ao nosso respeito e a nossa terra, com suas máquinas gigantes e fumacentas. Se nos rendermos, nossas terras serão como a deles. Você vê árvores nestas figuras que representam suas cidades? E onde irão parar nossos espíritos, os elementos da terra?

Eol apenas gemeu de forma vaga olhando o sol se por. Sabia que, ao chegar às terras destes homens que se autodenominavam civilizados, enfrentariam algo muito maior que uma simples reunião. Ficou em silencio, olhando a jovem Akasla. Sua mente o indagava se a mesma estava pronta para assumir um cargo tão importante em seu povo. Ser Matriarca significava carregar a responsabilidade de toda uma tribo.

O sol sumiu rápido, deixando ver no céu escuro uma única estrela, a mais brilhante, Cendí Luatã, segundo a cultura Akyan. Mas nem ela o inspirava mais, pois tempos difíceis são sussurrados pelo vento.

Devagar ele acompanhou a jovem para dentro, para longe do frio a amparou na porta. Ela fitou uma última vez, por cima dos ombros, o horizonte atrás de si.

Em algum lugar daquela linha seu futuro a aguardava.”(...)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Apresentação

Primeiro de tudo: seja bem vindo. É com imenso prazer que finalmente apresento a idéia de maneira formal ao público, após quatro meses discutindo idéias que levariam a este momento. Meu nome é Heitor V. Serpa, um dos três Steamagers responsáveis pela construção deste mundo de fantasia e vapor, e cabe a mim a responsabilidade de situar você leitor no contexto da nossa idéia.

Posso dizer que tudo começou sem pretensões, e assim continua, colocando o entretenimento em primeiro lugar. Como uma vez ouvi de Rita Maria de Félix, grande amiga e mentora: é necessário, antes de qualquer coisa, que o escritor se divirta com aquilo que faz. Pois bem, a vontade de escrever Steampunk surgiu num momento de dificuldade, onde este fator diversão acabou sendo ignorado. Há muito para se falar a partir daqui, então eu acredito que, para tornar o texto mais dinâmico, é necessário separar cada assunto por tópico. Vamos lá:

1)      Quem somos nós:

Simples, somos amigos de longa data, cada qual com o seu vínculo com a literatura. Somos fãs uns dos outros, o que traz ainda mais força a idéia de se fazer algo em conjunto. Explicando melhor: eu comecei a ter contato com o meio ao escrever fanfiction numa comunidade de Orkut chamada “Contos de Resident Evil”. O que me fez migrar para a literatura fantástica (e assim desenvolver algo próprio) foi a leitura de uma história em especial, de nome “O Livro do Caos”. Diz-se que foi um dos primeiros livros a serem postados na íntegra em um fórum da rede social em questão, chegando a ter uma seqüência não-terminada. O autor era Douglas S.T Reverie, também um artista de mão cheia, dentre nós o mais envolvido com o movimento do punk a vapor. Em seguida eu coloquei na roda o conto “Sting: o anjo da morte”, que posteriormente seria publicado numa antologia e serviria de base para um romance também não-terminado. Aqui entra em cena Enrico P. Ignacio, nosso leitor assíduo, que por muito tempo adiou nossa desistência destes projetos individuais.

O momento de dificuldade citado anteriormente foi justamente o ponto da desistência... Apesar de nos cobrarmos mutuamente, cada qual um adorador do universo do outro, chegou um momento aonde nos vimos frustrados, incapazes de levar adiante nossas torrentes de idéias. Eu por exemplo iniciei, ao longo de dois anos, mais de dez versões diferentes para o romance, sem sair dos primeiros capítulos... Foi justamente o Enrico quem nos chamou para elaborar o Steamage, ele mesmo se revelando um escritor de mão cheia. Ele quem dá o impulso de quase todas as nossas discussões até agora.

2)      O que é Steamage?

Um trocadilho com as palavras mage (mago) e age (era). Reunimos o conceito de Steampunk – a ficção científica do século XIX escrita no século XXI, segundo Bruno Accioly e o Conselho Steampunk com a fantasia que tanto amamos, criando a centelha de um universo em constante desenvolvimento que mescla as duas coisas.

Nossa, super original não é?

Ironias a parte, nós NÃO alimentamos a ilusão de sermos inovadores do meio, mesmo porque isso é impossível nos dias atuais. Mas não significa que estamos trabalhando com o plágio; o que existem são conceitos (ou tropos), estando a originalidade na maneira que cada autor os desenvolve. Em Steamage, por exemplo, a Era do Vapor se inicia com a chegada de uma cidade voadora sobre as minas de Kresta, cujos habitantes são seres pequeninos e de pele dura como a rocha.


3)   Quais as suas referências?

      Nada mais natural do que se fazer esta pergunta após o discurso acima. Eu quero fazer uma postagem em especial para o tópico, mas por enquanto devo dizer que é a cultura steamer em si que nos inspira. Claro, nenhum de nós é um fã hardcore do gênero (talvez o Douglas seja...), ao ponto de saber tudo, de cor e salteado, que aconteceu de H.G Wells pra cá. Quando falo em cultura, me refiro ao que as mídias nos trazem: dos videogames ao cinema, da música à literatura. Na arte de Leonardo da Vinci (esse puto não era Renascentista?!), nas obras de Júlio Verne e nos jogos da Square. Em Abney Park, Reinos de Ferro, Baronato de Shoah, teorias de energia alternada e éter luminoso.

                 
4)      O Steamage é um cenário de RPG?

De início, nossa intenção era a de apenas fazer um exercício de idéias no momento em que todos os outros falhavam, gerando como fruto um lugar para nossas histórias. Mal comparando, seria como as stables dos programas de luta livre, feitas para cada lutador se desenvolver individualmente com o destaque do grupo. Começamos a sonhar alto com esta possibilidade após a divulgação que o projeto recebeu no blog Cidade Phantástica e no Twitter, afinal todos aqui são fãs do jogo de interpretação de personagens.

Respondendo melhor a pergunta: daremos foco no cenário por enquanto, desenvolvendo-o com nossos contos. Quanto às raças, classes, talentos e outras coisas típicas do RPG de mesa, ficam para um futuro distante. Ou não...


5)      Como se desenvolverá o projeto?

Ficar no plano das idéias, infelizmente, não levará o Steamage adiante. Por isso, traçamos um esquema para apresentar aos poucos o que desejamos publicar, de modo a tornar nosso trabalho o menos pesado possível e ainda assim trazer um fluxo constante de novidades. Não trataremos de fórmulas complexas, pois estamos, literalmente, começando de baixo.

Primeiro, os contos. Lembro de algo dito por J.M Trevisan, um dos criadores do cenário de RPG Tormenta, em um fórum do Orkut: um rapaz apresentou muita informação acerca de seu universo fantástico, dizendo priorizar o seu desenvolvimento para situar uma base para o romance que planejava. Então Trevisan afirmou que, para ele, até agora o sujeito não havia feito nada. A discussão foi muito além disso, mas o que realmente importa é a lição extraída deste conceito. O cenário se desenvolve com a escrita, e não o contrário.

É com base nisso que, extraindo a produção de nossas conversas virtuais, cada um trabalha numa história individual, a serem postadas aqui quando terminadas. Desta forma, o clima distópico de Steamage será explorado em seu auge, levantando dúvidas através da curiosidade.

Para sanar estas dúvidas, vem o segundo passo. Pretendemos elaborar um ou mais textos contando os detalhes do cenário de cada conto, enfocando lugares, raças, personagens e linhas cronológicas. Após plantarmos os alicerces, este seria o acabamento que daria corpo a cada uma das estruturas. Vamos manter o ritmo com esta seqüência simples, um dois um dois, até o momento de executarmos a terceira manobra, ainda uma possibilidade distante: seriam as regras e números de RPG explicitados na última pergunta. Eles viriam logo depois do detalhamento, sendo os dois conciliados numa só coisa de maneira gradual.



Lembramos que tudo que mostrarmos aqui será de caráter provisório (incluindo o título), passível de mudança a qualquer momento. Não esperamos ser o novo sucesso do verão, mas ficaremos muito felizes se ao menos conseguirmos entreter os leitores tanto quanto nos divertimos ao produzir cada linha. As apresentações ficam por aqui; a partir de agora, o que vem é conteúdo do cenário.

Obrigado, e seja bem vindo a Steamage!!!